sábado, 5 de dezembro de 2009

CENTRO


    O vento que batia no rosto em frente à Catedral. Hoje suas portas não estiveram abertas. De qualquer modo, de qualquer forma, o ar da cidade esteve libertador. Exceto sim para os que pendiam de um sono torturante presos ao concreto do chão.
    Os passos vagarosos permitiam sentir os séculos de História, das histórias dos mais diferentes viventes daquele tempo que legou edifícios da cidade. E tem o cheiro dos ventos coloniais, a cor das vilas e o som das vozes ecoantes jesuíticas, brancas, portuguesas, aportuguesadas, miscigenadas.
   Todo esse centro atiçante. Os picos daquela Sé. A latência da arte em todas (quase todas) as pontas. Fez-se então um misto dessa realidade presente, que quase já sem sê-la, apropriou pés outros de outrora naquele chão, sidos de um passado distante pelo tempo e tão aproximado pela fusão que houve nos sentimentos.
    O piscar dos olhos fotografou na mente as melhores imagens subjetivadas daquele concreto, daqueles humanos, daquele presente, daqueles reflexos do passado. Do Pátio ao Marco, do José ao Paulo. E a Caixa que cheia de presentes artísticos adornou a alma tão inquieta por transportar-se a todos os tempos e informar à pele as sensações de cada.

Por Samara Belchior em 05/12/2009 (Dedicada ao meu amigo Philippe Arthur)

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