quarta-feira, 30 de setembro de 2009

O BELO?

A beleza está para além do ponto que os olhos podem alcançar.

Por Samara Belchior

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

RG 00 000 000 X

Nomes. Tantos nomes. Talvez nomes sejam mais do que isso.
Quantos diários espalhados pelas escolas do Brasil! Cheios de nomes.
Aliás, certidões, documentos. São nomes.
Não conhecemos nada além do que vemos a partir do ponto, de um ponto da realidade em que nos encontramos.
Os nomes são nossas identificações, são representações para pontuar nossa ciência quanto ao fato de existirmos.
Há tanto conhecimento e não conseguimos guardá-lo todo em nós. Não conseguimos utilizá-lo em plenitude.
Um dia nossa existência nessa realidade abstrata, na qual nos servimos de cosmovisões para interpretar, findará e talvez todo o conhecimento e prestígio social terão sido inválidos. Talvez sobrem nomes, talvez nem isso...Na sepultura a retórica será inútil.

É possível que seja melhor ter amado do que sabido.

O conhecimento como um fim em si mesmo é desperdício. É desperdício!

A arrogância e orgulho, o esconderijo por trás das máscaras apenas tendem a nos aprisionar em um labirinto. Idas e voltas em um caminho sem novidades, são apenas repetidos encontros com as mesmas paredes. Elas as vezes servem de recosto para o corpo, para a cabeça que nela apoiada dá vasão as lágrimas.
Representamos todo o tempo diante da sociedade. O medo, instinto que protege, interpõe as barreiras entre ser o que se é e ser o que não se é.

Essências nunca serão nomes.

Por Samara Belchior (em 17/02/08)

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Diários de Heróis.


Escondidos em alguns interiores
É aí que dormem alguns heróis
Olhos reveladores de flashes da alma
O diferente que é belo
A loucura sã

Diários de heróis.

Muitos pés calçam o mesmo sapato
Quero andar descalço.
Muitos olhos na tela da TV
Os meus se admiram com os rostos, os ecos, as almas
Passeiam os sorrisos, suas cores, suas verdades.

Pra quê comprar um buquê?
Retiro da terra com as mãos. Perfume mais intenso de flor.
Debaixo das palavras tenho sombra
Oculto que se expressa na dança das letras.

Diários de heróis.

A tortura alcança corpos dominados pelo tempo
Fujo para onde o atemporal me permite criar
Em meio a ruídos escuto meu peito, escuto os outros
Na multidão releio faces.

Diários de heróis.

Tão igual quanto o normal
Sonhos, desejos, frustrações
Heróis que encontram os segredos das pontuações.

E que evadam as trivialidades
Ainda há na mente as palavras, as reflexões, as admirações, as filosofias, as poesias
Estou andando descalço pra sentir o chão.

Diário de Heróis...

Por Samara Belchior.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

BRAVO!

Bravo a nós humanos que por desleixo esquecemos que a vida passa, que há finitude.
Bravo porque assim esquecemos de amar e talvez só lembremos quando o importante se for.
Bravo e palmas pois perdemos o ato de contemplar.
Nos esvaimos no estudo da vida e em suas contradições, deixamos que os livros nos contem do que há lá fora, mas perdemos a sensação de tocar com os olhos no mundo...
Bravo pois não queremos dizer que amamos...Maldito orgulho! Maldito orgulho! Todo ele se vai pra sepultura crua, nua, escura...
Bravo pois somos materialistas egoístas, cegos apaixonados por capital.
A lei da compensação que cerca e toma, se une às entranhas, cauteriza.
Bravo, porque somos MUITO, sabemos TUDO, temos a VERDADE, nos amamos a NÓS MESMOS...
Nossos olhos estão no espelho. Reflexo mais belo que aprisiona, aliena, hipnotiza, satizfaz, até que os olhos não enxerguem comidos pelo tempo ou pela terra.
Tolos, pois pensamos ter a vida nas mãos...Enganados, até que ela se vá.

Por Samara Belchior

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

RePeTiÇãO


Nem sempre o que sentimos é novo, inusitado, é até repetidamente visível, talvez por isso a intensidade não seja a mesma do que a primeira vez. É claro, isso não significa que a experimentação de um mesmo sentimento leve um dia à sua extinção total.
Hoje eu não tenho sentimentos novos: ausência, saudade, medo, suposições, lembranças. Todos eles reúnem-se a mim (na verdade bem dentro da minha alma) em uma mesa com fritas e sucos de sabores variados.
Eu me misturo entre os resquícios de dias, meses, anos passados, tentando, numa limitada atividade generalizar minhas vivências para visionar o que há de vir. Como em um quebra-cabeças, as peças dispersas aos poucos tornam-se mais evidentemente encaixáveis; algumas se auto-relevam iluminadas.
Embora agora em voga estejam o seu olhar e sorrisos, é além disso, sua alma, tão fragilmente evidente aos meus sentidos. A minha suposta superioridade já não suplanta o seu mundo. Queria emprestar-te meus olhos para roubar-te ao interior da minha mente e transportar-te aos meus repetidos sentimentos que de tão sinceros arriscam ser desinteressantes.
Menino dos olhos, te olho, tão interiormente fixado e não repulso ou expulso o bem te querer bem. Se tivesse segurado a minha mão com força, dividiríamos os próximos sóis fortes no firmamento e as chuvas intensas nos renderiam histórias de príncipes felizes.
Não estou ardendo no sentimento repetido pois contemplei mais do que a paixão é causadora. E embora a repetição exista, eu julgo ter vivido metades do novo.
Fui eu que escolhi o nada, enquanto o todo rebatia-se no meu estômago. A paz não me faltou, se não uma porcentagem...eu decidida, indecisa, escapei-me ao mundo para enunciar o que seria.
Em uns tempos, meus repetidos sentimentos irão.
Do futuro, eu aguardo arrebatamento eterno para minha alma e não só, se não houver mutualidade.
De agora, eu me contento com palavras enguardanapadas e com sentimentos repetidos que me acompanham aguardando sua chamada para partir.

Por Samara Belchior

(Em espera no Boliche do Shopping Internacional de Guarulhos. Amigos ao redor, porção de batata frita, suco de Abacaxi com Hortelã...Uma caneta e guardanapos...)