quarta-feira, 9 de setembro de 2009

RePeTiÇãO


Nem sempre o que sentimos é novo, inusitado, é até repetidamente visível, talvez por isso a intensidade não seja a mesma do que a primeira vez. É claro, isso não significa que a experimentação de um mesmo sentimento leve um dia à sua extinção total.
Hoje eu não tenho sentimentos novos: ausência, saudade, medo, suposições, lembranças. Todos eles reúnem-se a mim (na verdade bem dentro da minha alma) em uma mesa com fritas e sucos de sabores variados.
Eu me misturo entre os resquícios de dias, meses, anos passados, tentando, numa limitada atividade generalizar minhas vivências para visionar o que há de vir. Como em um quebra-cabeças, as peças dispersas aos poucos tornam-se mais evidentemente encaixáveis; algumas se auto-relevam iluminadas.
Embora agora em voga estejam o seu olhar e sorrisos, é além disso, sua alma, tão fragilmente evidente aos meus sentidos. A minha suposta superioridade já não suplanta o seu mundo. Queria emprestar-te meus olhos para roubar-te ao interior da minha mente e transportar-te aos meus repetidos sentimentos que de tão sinceros arriscam ser desinteressantes.
Menino dos olhos, te olho, tão interiormente fixado e não repulso ou expulso o bem te querer bem. Se tivesse segurado a minha mão com força, dividiríamos os próximos sóis fortes no firmamento e as chuvas intensas nos renderiam histórias de príncipes felizes.
Não estou ardendo no sentimento repetido pois contemplei mais do que a paixão é causadora. E embora a repetição exista, eu julgo ter vivido metades do novo.
Fui eu que escolhi o nada, enquanto o todo rebatia-se no meu estômago. A paz não me faltou, se não uma porcentagem...eu decidida, indecisa, escapei-me ao mundo para enunciar o que seria.
Em uns tempos, meus repetidos sentimentos irão.
Do futuro, eu aguardo arrebatamento eterno para minha alma e não só, se não houver mutualidade.
De agora, eu me contento com palavras enguardanapadas e com sentimentos repetidos que me acompanham aguardando sua chamada para partir.

Por Samara Belchior

(Em espera no Boliche do Shopping Internacional de Guarulhos. Amigos ao redor, porção de batata frita, suco de Abacaxi com Hortelã...Uma caneta e guardanapos...)

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