sábado, 6 de março de 2010

Contidamente


Pulso.
Batidas.
Sensação.
Não há pra toda coisa explicação.

Algumas notas musicais gritam.
Gritam, gritos da alma,
daquele canto perdido
que tenta se expressar.

Restam as vezes apenas uns instintos
Uns pedidos repetidos
da mente pro corpo.
Sentidos.

Forma-se bem dentro uma explosão.
E não explode, não canaliza.
Não vira,
revira, não concretiza.

Está no vento, no tempo,
pele, olhos, coração.
Pulsa somente,
sem externalização...

Um grito contido
num canto interno do eu.
O "ser" mantêm-se
escondido no breu.

Enquanto o peito lateja
escondido atrás do vermelho da blusa,
todo o interno movendo,
todas as coisa loucas de dentro.

Samara Belchior (05/03/2010)







quarta-feira, 3 de março de 2010

A Primeira...

"Filas de rostos pálidos murmurando, máscaras de medo, 
Eles deixam as trincheiras, subindo pela borda, 
Enquanto o tempo bate vazio e apressado nos pulsos,
E a esperança, de olhos furtivos e punhos cerrados, 
Naufraga na lama. Ó Jesus, fazei com que isso acabe"


Siegfried Sassoon citado por Hobsbawn em "Era dos extremos"




E lá se ia a Belle Époque. Aquela nova fé na ciência, na tecnologia, no progresso, na civilização, vivenciada pelo europeu do final do XIX,início do XX, era substituída pelos olhos desesperados em lágrimas, pelas mãos que fabricavam bombas, pelos corações acelerados...Sangue, destruição, morte! 


Mil novecentos e quartorze: mais de 10 milhões de mortos. As guerras anteriores haviam alcançado seus 500 mil. Novas proporções. Um novo tempo que se arrastaria pelas guerras que se seguiriam dizimando um número maior de pessoas, moldando a economia, definindo os limites territoriais e os conflitos inter-étnicos. 

Eram aqueles os limites do homem ou chegaria a níveis piores? Era assim que se resolveriam os problemas da humanidade?! Era terrível. 

Todo aquele apreço por aquilo que o sapiente era capaz de criar, moldou-se em um angustiante refletir a respeito do que as criações deste mesmo seriam capazes de destruir. A dúvida!
E onde ficara a razão nesta hora? No incentivo a um conflito que durou quase cinco longos anos?! Ó ingenuidade tinha-lhes apossado a alma! Que Bela Época era aquela pela qual há pouco tinham-se deixado entregar?! A desilusão agora lhes acometia os sentimentos, os pensamentos, os restos caquéticos do coração. Ali estava uma juventude que sedenta por respostas, pensaria encontrá-la, quem sabe, numa fé totalitarista, a exemplo, um tal partido nacional socialista. Costumam dizer: nazismo... O mundo nunca mais seria o mesmo.


Por Samara Belchior.