O mundo jaz no egoísmo,
maldito grudado na pele
corre pelos cantos e centros.
O mundo não contem o outro,
é o núcleo fechado do "mim",
cercado pela moldura do espelho.
As cores da propaganda desfilam
no palco que esconde por trás da cortina
a chacina da miséria.
Quem sente não pode fugir
e o sentimento que virou mercadoria,
vendido é jogado - brinquedo velho no canto.
Quem sente só sofre a angústia,
estatelada pelos meios da garganta,
guardada numa lágrima contida.
Eles caminham massificados
ignorando sua massificação;
fantoches do materialismo, ignoram
tão só a parte metafísica das coisas,
choram um momento diante do caixão,
mais tarde achando-se sóbrios
mergulham outra vez no que pensam
ser eterno: a satisfação, os medos que têm,
o conforto, a alienação.
Um dia se acharão surpresos quem sabe?!
diante da moldura de um espelho que
lhes roubou os anos, pessoas, sentimentos,
valores...
(21.11.10- 01:04 da madrugada)
Samara Belchior.
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