domingo, 12 de dezembro de 2010

Infarto

O mundo jaz no egoísmo,
maldito grudado na pele 
corre pelos cantos e centros.


O mundo não contem o outro,
é o núcleo fechado do "mim",
cercado pela moldura do espelho.


As cores da propaganda desfilam
no palco que esconde por trás da cortina 
a chacina da miséria.


Quem sente não pode fugir
e o sentimento que virou mercadoria, 
vendido é jogado - brinquedo velho no canto.


Quem sente só sofre a angústia, 
estatelada pelos meios da garganta, 
guardada numa lágrima contida.


Eles caminham massificados
ignorando sua massificação;
fantoches do materialismo, ignoram
tão só a parte metafísica das coisas,
choram um momento diante do caixão,
mais tarde achando-se sóbrios
mergulham outra vez no que pensam
ser eterno: a satisfação, os medos que têm,
o conforto, a alienação.


Um dia se acharão surpresos quem sabe?! 
diante da moldura de um espelho que
lhes roubou os anos, pessoas, sentimentos, 
valores...


(21.11.10- 01:04 da madrugada)


Samara Belchior.

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