sexta-feira, 10 de maio de 2013

Tempestade


Choro pela necessidade, 
não fosse assim, morreria.
Pois então me deixe chorar!
Vocifero porque eu sou fera,
que tem que escrever de si.
Deixa eu me ver no meu choro.
Larga-me aqui nos soluços.
Peço somente um espaço no céu:
para poder erguer o olhar, 
então me deixa rasgar o peito!
Que eu me vire do avesso, preciso me ver.
Eu não me sei nunca, 
nunca saberei.
Mas quando eu choro, 
me entendo, por um tempo.
Pois me deixa então, 
a sós comigo.
Na minha saudade de mim,
que eu as vezes sinto,
eu amo aquilo que só eu posso amar.
Me deixa assim, 
com meu cinza.
Depois tudo volta a colorir.
Mas eu agora preciso da chuva 
e da tempestade.
Feche a porta ao sair,
vai inundar o recinto de mim, 
para mim.

Samara Belchior
08/05/13

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