sexta-feira, 27 de março de 2009

COMUNHÃO

A profundidade de amar como a si mesmo parece utopia na era atual em que impera o individualismo. Muitos se escondem numa fortaleza; tomados pelo medo de ferir a preciosidade de seus mais profundos sentimentos, privam e são privados.
O tempo parece impedir a sensibilidade ao outro, medida criada pelo homem que intenta prendê-lo a si mesmo o quanto pode.
Voltados para o espelho que se torna um mundo, centrados no que se pode realizar em favor próprio... A figura do outro, tão externa, se perde em meio as imagens do eu.
Embora tanto se fale, pouco se vive. Embora tanto se teorize, perde-se a realidade concreta.
Afinal e, apesar das limitações, apesar das fortalezas, do tempo, do espelho, apesar da natureza egoísta em nós, é inegável falar da singularidade do Espírito que nos toma e nos envolve quando entregues sob o amor que o céu irradia e a cruz traduz, amor que nos faz comungar.
Quando as almas se prostram em temor e a fragilidade de nossos corpos encontra, tanto quanto podemos sentir, a infinitude de Deus, nossas mãos em conjunto se erguem, nossos lábios entoam, nossos espíritos louvam, em êxtase, em ápice nos tornamos um.
Em oposição à perfeição do Senhor da vida, a Igreja, imperfeita, experimenta simples fatia da promessa do céu quando entra a entoar canções nos santos átrios.
As diferenças e os individualismos, espantados, abandonam esta esfera de amor que move os corações dos cristãos em única pretensão de em comunhão exaltá-lo!
E agora a mente desenha imagens de irmãos que saibam renunciar a si próprios e abrir seus olhos na direção dos semelhantes, para viver a plenitude de um Deus que se traduz em amor.

Por Samara Belchior.

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