Em todas essas coisas
Procuro-me
Vejo-me nas meninas dos olhos
Dos outros
Encontrei-me em algumas.
Montei paredes
Vi nas meninas dos olhos
Meu sorriso
Vi com as meninas dos meus olhos
Os sorrisos
Que podia causar.
Projetei pelos cantos e meios
Um grito
Ecoou minha alma povoada
Por miseráveis do tempo
Pelas massas sedentas de barrigas vazias.
Meu grito encheu as mentes
Ecoou...
Vi nas meninas dos olhos que dilataram
A humanidade escondida que de
Insípida
Salgou
Em todas essas coisas
Os tristes fins dos impérios que se foram
O império enfim vive da coisificação
Aquelas meninas viram as coisas:
Foram espadas revivendo suas imagens
E os sangues coloridos manchando a consciência
Meu grito mudou seu tom
Um sussurro de garganta engasgada:
“Uni-vos, uni-vos!”
Não há união!
Na não resposta resguarda-se a essência da esperança.
Achei-me naquelas janelas
Dos olhos
Que refletem meu descontentamento gritado
Sussurro reprimido
Minha utopia barbada de comunar.
Por Samara Belchior
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