Os homens do Barroco, tais quais Shakespeare, comparavam a vida a um teatro, como se ela se desenrolasse num palco. Cheia de oposições: o Carpe diem, mas o Memento mori, havia a expressão da mistura que compõe a Cultura Ocidental.
No palco de hoje as cortinas se abrem para um novo ano. Embora o homem ocidental veja o tempo de modo linear como o quiseram os cristãos medievais ratificar, reconhecemos o tempo refazendo-se em ciclos menores de 12 meses. Quatro estações se passaram, e fomos nos construindo enquanto elas tocavam nossa pele.
Talvez, enquanto alguns acreditam piamente que o novo ciclo seja propício a um novo espetáculo teatral, outros, desesperançosos, céticos ou cansados de completar ciclos, já não se importam com as palmas da platéia.
Deveríamos todos ser filósofos, poetas, artistas (não necessariamente os do século XVII), e assim, conseguiríamos metaforizar a vida, torná-la algo além do que fizemos comum. Deveríamos desacostumar com as nuvens do céu azul, tornando-as motivo de exultação. Deveríamos suar de um nervosismo contido ao descortinar de cada novo ano, fazendo-nos os personagens mais brilhantes na superação do espetáculo anterior.
Um dia, para cada um de nós as cortinas haverão de fechar-se definitivamente, creio abrir-se-ão noutro lugar melhor. Mas, enquanto é tempo, meu Diretor me chama para ser a melhor atriz que eu puder até que se acabe mais um espetáculo e outro se inicie, até que chegue outro verão, até que outro ciclo se complete.
Um dia, para cada um de nós as cortinas haverão de fechar-se definitivamente, creio abrir-se-ão noutro lugar melhor. Mas, enquanto é tempo, meu Diretor me chama para ser a melhor atriz que eu puder até que se acabe mais um espetáculo e outro se inicie, até que chegue outro verão, até que outro ciclo se complete.
Por Samara Belchior (01/01/2010)
Referências: GAARDER, Joisten. O mundo de Sofia.
Samaara (:
ResponderExcluirLí seu texto e não pude deixar de comentar.
Acreditaria se eu lhe dissesse que eu estava pensando nesse assunto esses dias? Em como cada começo de ano as pessoas não encaram com tanto otimismo e ansiedade saudável como deveriam. Seria tão fácil se cansar de completar ciclos em nossas vidas? Espero que isso não seja a mesma coisa que perder a alegria de viver, porque confesso que as vezes bate um pequeno desânimo em mim a respeito de mais um ano inteiro pra enfrentar. Claro, isso ocorre pelo fato de eu ter pensado nos problemas, dificuldades e provas que a vida me daria fora as provas de história. rs Mas só de pensar em tanta coisa que posso aprender, tanta coisa que posso descobrir, curtir, companhias que posso desfrutar e com elas aprender... Como posso me cansar de completar ciclos? Se cada um fez e faz uma grande diferença em minha vida? Sempre acreditei que nada é em vão e nem por acaso.
Adorei o seu texto, me identifiquei muito com ele e quero parabenizá-la pelo seu blog!
Um beijo&abraço
da sua aluna do CIM - 3°rão
Caroline .